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Tempestade a Vista

Nasci e cresci em Pres. Venceslau, no oeste paulista, num sítio nomeado como Chapadão, ao lado do atual aeroporto da cidade.

Guardo daquele lugar inúmeras recordações. Uma delas diz respeito às tempestade de verão. No meio da tarde daqueles dias infernais de calor, quando se formava uma tempestade a oeste, vinda do lado do rio Paraná, com suas nuvens negras e seus raios intermitentes, meu coração batia mais forte. Os ventos nas árvores de nosso pomar e no cafezal, me dava a sensação de demônios bailando, a poeira levantada potencializava meu medo e insegurança. Meus irmãos e irmãs acalmavam o caçula e meu pai, enrolando seu cigarro de palha, só assistia silencioso.

Depois da tempestade, tínhamos que cuidar de seus efeitos, o principal deles era recolocar as telhas deslocadas do telhado pelo vento. Nunca ninguém morreu por isso. O máximo que acontecia era o medo dos raios e dos ventos. Naquele tipo de tempestade, nada havia a fazer: a natureza ditava seu caminho.

Atualmente, outro tipo de tempestade se avizinha e alguns de seus efeitos já se fazem sentir. Será uma tempestade política.

Assistimos, quase passivamente, ver a pandemia vitoriosa. O desespero se instalou e a Anvisa continua silenciosa. Não se tem mais vacinas. Assistimos o rei do momento, um capitão da reserva, se movimentando para garantir a presidência do Senado e da Câmara, de tal sorte a se constituir em poderes passivos à qualquer resistência do sistema.

A história já está esquecida por quase todos, mas é bom lembrar Auro Moura Andrade, presidente do Senado em 1964, declarando vago o cargo de presidente da República, algumas horas depois do Golpe de 1964. E Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara, assumindo a presidência da República, sob alegação da vacância do cargo.

Hoje vemos o Bozo entronar em milhares de cargos públicos seus asseclas militares da ativa e da reserva, usufruindo das benesses do poder, se constituindo num exército de garantia futura para golpes institucionais; vemos um bate boca constante entre militares e o STF, numa clara afronta à ordem estabelecida; vemos aprovação de leis que permitem o absurdo de estoque de armas às dezenas e centenas, nas mãos de gente da Casa Grande, apoiadores do capitão.

Onde tudo isso vai dar?

Os sinais da tempestade, agora não da natureza, são evidentes.

SE NÃO FIZERMOS NADA, NÃO APENAS O TELHADO SERÁ DESLOCADO: A CASA SERÁ DESTRUÍDA E 1964 E SEUS 25 ANOS POSTERIORES VOLTARÃO, NÃO ÀS TELAS, MAS AO VIVO E EM NEGRAS CORES.



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 o MANIFESTo DE LAURO:

 

Lauro Velasco é economista formado pela FEA-USP, mas também é historiador de mão cheia, administrador, educador e auto didata em uma gama de atividades, além de um grande pensador político e social.

 

Nesse espaço iremos abordar assuntos, temas, histórias com um enfoque social e político, mas ao mesmo tempo com uma linguagem simples e fácil de ser entendida e disseminada.

 

E com  esse Manifesto iremos trazer a tona assuntos espinhosos, mas com um tempero bem brasileiro.....

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