Conciência Negra
A leitura dos livros de história, retratando o caminhar dos tempos e dos povos, fartamente comprova a desumanização da humanidade.
Desde os tempos primordiais da Antiguidade, passando pela Idade Média, desembocando nos tempos do Renascimento e chegando aos tempos Modernos e Contemporâneos, são fartos os capítulos com páginas negras na história da humanidade. Estão registrados os mais insanos capítulos no caminhar de nossa espécie. E são fartos.
Nesse dantesco caminhar, incontáveis humanos foram feitos escravos. A derrota nas batalhas militares, as dívidas impagáveis e a própria ganância humana faziam escravos os derrotados, os devedores e os ingênuos. E, assim, caminhavam para a morte, sem mais qualquer esperança de liberdade.
Num rápido momento de reflexão, podemos contabilizar, ao longo dos tempos, milhões de escravos pelo mundo afora, brancos, negros e vermelhos, sem contar os cadáveres de todas as insanidades humanas.
Um capítulo especial cabe ser comentado nesse panorama vergonhoso da humanidade: a Escravidão dos Negros nas Américas. Esse capítulo está retratado em 2 volumes do livro de Laurentino Gomes, que trata exclusivamente da Escravidão, em especial ao ocorrido nos 350 anos da história deste país, desde o século XVI até quase o final do século XIX. Atentem bem: 350 anos.
Ao ler esses dois volumes, chegamos à conclusão inconteste de que NADA SABEMOS sobre esse capítulo de nossa história, que trata da Escravidão. Nada sabemos, tudo foi ensinado de forma superficial, passageira, sem importância. A realidade descrita nos livros mostra um quadro horripilante, dantesco, doloroso e podemos emendar quantos qualificativos depreciativos para adjetivar com propriedade a Escravidão. É quase indescritível, é um sofrimento secular dos povos negros caçados e capturados na África e enviados para este continente, como se fossem os mais primários animais, nos sujos e podres porões dos navios negreiros. Castro Alves tinha razão.
A descrição dos fatos envolvendo a Escravidão chega às raias da insanidade, do inacreditável, do inaceitável. O povo negro caçado e assim tratado deixa o registro da mais imbecil e desumana forma de submeter humanos ao domínio de outros humanos. E aqui não se trata apenas de condenar a civilização branca: houve muitos homens da raça negra sendo os verdugos da própria raça negra, nos deixando uma inevitável síntese: nada é mais desumana do que a própria humanidade, sem distinção de raça ou cor. E imagine que muitos de nossos heróis históricos foram escravocratas e o próprio Zumbi dos Palmares mantinha meia dúzia de escravos negros.
A LEITURA DA HISTÓRIA COMPROVA ISSO: SOMOS INSANOS. Se tivermos consciência dessa nossa insanidade podemos ter alguma esperança de evoluir um pouco como humanos. O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, O 20 DE NOIVEMBRO PRÓXIMO, tem essa finalidade: REFLETIR E MUDAR.
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