Fragmentos de Poesia e Realidade

Ouve-se o som do silêncio.

Assim tem sido a vida.

Não há tanto pão para todos.

Alguém o dá, depois o tira.

Não há tanto pão para todos; só para alguns.

É indecente, é indecente; é indecente; gente sem casa; casa sem gente.

É indecente.

O que não tem, também o tiram.

E o que se ouve nesse mundo é apenas o som do silêncio.

Filas de famintos, esperando a comida concedida.

Mas não há tanto pão. Alguém os dá, depois o tira.

É indecente. É indecente. Acabou. E a fome ficou.

Não foi só a pandemia. É o mundo da disputa.

É o mundo da acumulação. É indecente.

É uma floresta de poucos animais solidários.

O som é apenas do silêncio.

Quando será que ouviremos os gritos, libertando essa dor surda.

Para que nada nela continue indecente?.