Fome uma triste crônica
Estou relendo um livro, "Seis Mil Anos de Pão", de Henrich E. Jacob, que conta a história da humanidade, desde os primórdios da civilização egípcia até os dias contemporâneos, tendo o pão como guia.
O livro, como complemento de sustentação de relatos, também fala da fome, a outra face da moeda. O pão e a fome são duas imagens no mesmo prato.
As descrições feitas pelo autor nos relata a respeito do pão são imagens divertidas, alegres, criativas, às vezes, entristecedoras,. As da fome dos povos, ao longo da história, são aterradoras.
De maneira sub liminar, passa longe de nossas cabeças a imagem de que milhões, talvez bilhões, já morreram de fome neste planeta por falta de pão, no seu genérico sentido de alimento. Milhões, talvez bilhões.
A fome, nesse livro, é tratada como coadjuvante. Normal, o ator principal é o pão. Diferente do que já fez Josué de Castro nos seus dois livros, Geografia da Fome e Geopolítica da Fome, que até a ONU, onde ele trabalhava na FAO, o ignorou. Nesses livros, a fome é o ator principal.
Deveria haver um documento síntese que falasse SEMPRE da fome, dando as razões de seu surgimento e de seu tenebroso império: as guerras, o domínio perene das oligarquias, os latifúndios e o lucro como única meta, a péssima distribuição de riqueza no mundo e outras razões que fazem a humanidade desembocar na miséria, sem esquecer que, ao longo de toda a história, há uma INEXPLICAVEL RAZÃO DE DESPREZO PELOS CAMPONESES, OS PRODUTORES DE ALIMENTOS. São todos Jecas Tatus. Sempre houve esse tratamento, quase sendo considerados como párias.
A fome é uma velha conhecida da humanidade e, hoje, é uma das maiores dores que ficou como herança da pandemia e de todas as consequências que dela advieram.
Há um panorama de agravamento da crise, que deixa a fome como espectro dantesco da vida de milhões atualmente.
Estamos vendo, todos os dias, incontáveis miseráveis de mãos estendidas, esperando um prato de comida. Aqui e no resto do mundo.
É um enorme desafio e, lamento concluir, a humanidade não está preparada para evitar essa catástrofe. Não sei como os humanos sairão desse labirinto. E oferta de OSSOS aos sedentos de alimentos não é a solução. É humilhação. Quem viver verá as imagens dessa tragédia monumental.
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