República Possível
Começam a delinear-se os contornos da sucessão presidencial para 2022. O primeiro e grande objetivo é enterrar esse desastre de governos que assistimos nos últimos anos. Há que se resgatar um mínimo de esperança, hoje moribunda. Não sei se Lula será candidato ou não; se for, não sei se vencerá; se ganhar, não sei se tomará posse; se tomar posse, deverá fazer mil concessões para se manter no governo; para se manter no governo, terá que se sustentar com uma base congressual; se não conseguir essa base, corre o risco de repetir um governo pífio, como ocorreu com Dilma, não por culpa dela, mas pelos canalhas do Congresso. Mesmo que Lula seja um exímio aglutinador, não sei se conseguirá viabilizar uma base para sua sustentabilidade governamental, diante dos gorilas já lá existentes. Para assegurar governabilidade, terá que ceder, como já acabou fazendo nos governos anteriores do PT, quando Bancos e Empresas lucraram como nunca. Verdade que boa parte da população se beneficiou do bolo crescido, mas, em verdade, nada de sólido perdurou. A pandemia não só eliminou ganhos, como aprofundou a crise econômica e social no presente. A grande verdade é que, Lula ganhando e tomando posse, com esse Congresso que aí está, as reformas só existirão para aprofundar o capitalismo liberal. Distribuir renda será tarefa inatingível, quando se trata de eliminar as profundas diferenças de sua distribuição. Aqueles que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária terão que esperar outras primaveras, mesmo votando em Lula. Para sonhar com isso, mesmo com Lula, é necessário cautela. Quase temos a certeza de que pouco será alcançado. Contudo, com Lula ou sem ele, com certeza teremos um mundo melhor em relação ao desastre que por aí anda de moto, ou a cavalo, sem máscara, todo final de semana, sem, a rigor nada governar. Só precisamos de um pouco de bom senso para deixarmos no passado esse terrível pesadelo. Como escreveu Lampeduza, em seu livro histórico O Leopardo: "Algo deve mudar para que tudo fique como está". Eu acrescento: mas sem o Bozo e seus asseclas. Assim, poderemos ter uma REPÚBLICA POSSÍVEL, talvez ainda longe daquela de nossos sonhos. Perdemos muito o bonde da história. Demorará se recuperar diante do estrago feito.
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