O Liberalismo
As poucas pessoas que me leem, sabem que sou economista, formado pela USP em 1968 e já transitei por empresas de médio e grande porte, estatais e privadas, algumas delas com interface de mercado externo. Além disso, fui Consultor de Empresas nos últimos 30 anos e, esporadicamente, Perito Judicial.
Portanto, não sou um leigo a respeito dos assuntos que, adiante, irei abordar. Além disso, meu hábito de leituras constantes me coloca como profissional atualizado sobre economia e administração de empresa.
Por isso, afirmo com convicção, que sou contra o liberalismo absoluto, desenfreado na economia.
A livre concorrência clássica não resolve todos os problemas econômicos no mundo moderno. Em vários casos, complica. Aliás, a rigor, pouco existe dessa livre concorrência, nos moldes apregoados por Adam Smith e outros clássico mais modernos.
No meu ponto de vista, há segmentos econômicos, em áreas específicas, que demandam a intervenção do Estado. Nomeio, por agora, duas principais:
1) Controle dos preços dos combustíveis;
2) Controle do Câmbio.
As pessoas que me leem, mesmo não sendo doutores na matéria, tem facilidade para entender que a matriz energética derivada dos combustíveis fósseis, vulgo petróleo e gás, não pode ter seus preços liberados, soltos à mercê do mercado, em função de todos os impactos que provocam em todos os demais segmentos da economia.
Gasolina, Óleo Diesel, Gás, só para citar os três mais importantes, são mercadorias que impactam TUDO na economia. Repito: TUDO.
Portanto, deixar essa boiada sem um sendeiro, caminhando solta pelas estradas, é um convite ao estouro e implantação de uma anarquia econômica generalizada. Há que se ter um controle governamental sobre os preços dos combustíveis. Controle firme, duro, com permanente supervisão e ajustes somente quando estritamente necessários. Eu colocaria preços fixos por um período anual, só podendo ser revisto quando graves situações assim o exigissem. Imaginem os impactos que deixariam de existir e os controles que poderiam ser exercidos com preços fixados dessa forma. Não é ideia de comunista. Todos os agentes econômicos poderiam ter seus lucros disciplinados.
Outro controle diz respeito ao Câmbio. Em verdade, as moedas referenciais, dólar e euro, se movimentam em função de especulações e nunca, de fato, em relação aos comércios bi laterais entre países. De repente, um pum do presidente norte americano, estragando o ar do primeiro ministro chinês faz o câmbio se alterar radicalmente. Depois de alguns dias, quando a normalidade se recompõe, tudo volta à normalidade.
Mas, e os efeitos disso tudo, que já se fizeram sentir? Os estragos não tem mais retorno.
Da mesma forma que no caso dos combustíveis, advogo taxas de câmbio controladas, pré fixadas por largo período de tempo, só devendo ser revista quando, justificadamente, se tornar necessário.
Hoje temos grandes especuladores escondidos atrás das taxas de câmbio: é o pão que aumenta seu valor, é a carne que dispara por causa do dólar, são importações que impactam as variáveis da inflação doméstica, enfim, uma verdadeira infecção generalizada no organismo nacional decorrente desse câmbio solto no nosso quintal.
Se fizerem uma abstração e tiverem entendido minha explanação, irão observar que somos escravizados por essas duas variáveis: câmbio e combustível.
Assim, num grito de mínima liberdade, há que se prender esses dois vilões, mantê-los amarrados e sob controle.
Quem não irá gostar são os eternos liberais radicais, que tem no comportamento anárquico desses mercados suas fontes de inesgotáveis lucros.
E mais e finalmente, nossas reservas cambiais, que se fizeram imexíveis nos últimos anos, lá estão para servir de colchão de liquidez, qualquer que seja a necessidade niveladora do câmbio e dos combustíveis. Reservas são para serem usadas e não para dormir em berço esplêndido.
É isso.
コメント