Horizonte Sombrio
Não sou um analista político. O que publico nesta direção de análise é resultado de minha formação acadêmica, uma certa história de participante político e, sobretudo, um observador da historia.
Portanto, o que exteriorizo neste artigo é uma sensação, uma premonição.
Assisto, todos os dias, nos meios de comunicação, sintomas claros na direção do rompimento do estado de direito, neste país.
As manifestações do Bozo e seus seguidores deixam claro que está tudo se encaminhando para um novo golpe, provavelmente mais sanguinário e violento que o de 1964, vivido por mim.
As mensagens fundamentalistas de fechamento dos tribunais superiores, do Congresso Nacional, tudo apoiado por motoqueiros de classe média e de cérebro minúsculo, mas músculos fortes, por militares encastelados no poder, por evangélicos radicais (poucos sabem o que é um evangélico radical, fundamentalista - é quase um cego na dialética), por alguns meios de comunicação, literalmente comprometidos e por um gado humano humano inconsciente, nos faz crer que o pior nos espera.
Prepara-se, por antecipação, as justificativas do golpe: a eleição com as urnas eletrônicas, contestadas sem qualquer fundamentação, fundamentará o discurso de ilegitimidade dos resultados das eleições. Esse será o pavio a ser aceso e dali as chamas se espalharão pelo país.
Não acredito que a atual CPI terá consequências concretas. Haverá um relatório com condenações justificadas e escandalosamente explícitas, porém a nada levará, eis que a composição da base desse Congresso não terá colhões para dar consequência concreta ao relatório condenatório. Essa direita e outros interesses dominam esse Congresso, também golpista.
Nada me surpreenderá se tivermos um golpe, com fechamento do Congresso e dos tribunais superiores.
Analisando as possíveis resistências a esses atos, não vejo o engajamento da massa - eternamente em berço esplêndido. Teremos muita passeata, muitos discursos raivosos e inconformistas, como tivemos de 1964 a 1968, mas, concretamente, o golpe parirá uma nova Arena e nomeará novos ministros nas altas cortes, perfeitamente alinhados com o pensamento do Mito e seus seguidores.
A sociedade civil protestará e se repetirá o que Napoleão I disse a respeito do Papa: Quantos soldados ele tem? Nenhum. Então avance as tropas.
A história sabe o resto.
Desculpem pela tristeza que este texto contém. Hoje, não tenho a mínima certeza de que resistir apenas com palavras é preciso. Nesse combate que vislumbro com negritude no horizonte, a força das armas que imporão os princípios nazi/fascistas precisarão ser combatidas com outras armas que defendem o caminho alternativo da verdadeira democracia.
É nesta direção que a sociedade civil tem que se organizar, com antecedência e com planejamento, para não ser pega de surpresa. A sociedade civil tem que deixar de ser civil demais, se organizar prevendo o pior e não deixar acontecer, para depois não ficar lamentando o leite derramado. Senão......
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