Reflexões
Relendo Nietzsche, me ocorre ver uma descabida e gigantesca boca se abrindo na terra, engolindo humanos, próximos e distantes, conhecidos e desconhecidos. Me ocorre, também, ver labaredas e vermes, que nos trazem de volta à condição de átomos puros.
Amanhã, ainda se lembrarão um pouco de nós; depois a nuvem do esquecimento cada dia se torna mais densa. Ao longo dos tempos, nem saberão que existimos.
Pensamos estar no centro do universo e, em verdade, sequer estamos no mais insignificante grão de areia. Coisas do nada e nada de coisas: somos assim, sempre fomos.
Então, por que sofrer diante desse nihilismo? Não sei.
Que vírus pode me afetar? Nenhum.
Talvez porque um dia tivemos uma alma e não só corpo.
Assim é Nietzsche, tudo meio sem sentido, palavras jogadas, enlouquecido.