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Massa de Manobra

Ha poucos dias, no meu retiro, assisti o filme Nacional "Getúlio", com Toni Ramos no papel principal. É um bom filme, porém não vai fundo no relato, contando uma história parcial do político, sem um panorama completo de sua real identidade. O filme mostra, também, o comportamento irracional do povo, joguete de interesses e da imprensa comprometida. Getúlio foi um caudilho, sedento de poder, ditador, rasgador de constituições, desumano, apesar do filme desejar mostra faceta diversa. Muitos foram torturados ou morreram em suas mãos, nos porões de Filinto Muller, seu chefe de repressão,ou ficaram presos na Ilha das Cobras, e morreram até em fornos crematórios de Hitler, na Alemanha. Foi apeado do poder em 1945, e, em razão de sua lei trabalhista paternalista fascista promulgada, virou o pai dos trabalhadores. Voltou ao poder, democraticamente, na década de 1950. Mil e uma facetas de corrupção destruíram seu governo, sobretudo devido a um acidente de percurso que envolveu seu guarda costas, Gregório Fortunato, o Anjo Negro, com o caso da Rua Toneleiros, onde foi morto um major e feriram um Corvo. Num beco sem saída, suicidou-se. E o suicídio o transformou, de imediato, quase num santo. O demônio da véspera, se transformou no Cristo do dia seguinte. Assim é o povo: a morte trágica tem o poder de santificar um homem, apesar de tudo o que sua alma carregava.O filme mostra o drama, não as vítimas. Mas essa história acima é apenas para introduzir realmente no assunto o que, realmente, interessa. Tancredo Neves disse que a morte de Getúlio apenas postergou o golpe que a direita desejava dar no país. Era uma direita entreguista, detentora do poder econômico nacional, atrelada ao internacional, que via o fantasma comunista em qualquer esquina. No ano seguinte a 1954, Juscelino só foi empossado, porque o general Lott, comandante do exército, garantiu. Mas, ninguém conseguiu evitar o golpe de 1964, que deixou o país refém da ditadura até 1985. Foi a mesma classe política de 1954, com os miliares à frente, que impôs o regime de exceção.As mesma forças, no seu estertor, ainda conseguiram evitar a volta plena da democracia, abortando as "Diretas Já". Só depois de Sarney, a democracia se reinstalou. Numa nova cambalhota, em 2016, o pesadelo voltou. De uma forma mais suave, mais vaselinada, as mesma forças de 1954 e de 1964,, com outras vestes, voltaram ao poder. O que quero transmitir neste artigo é que são as mesmas forças reacionárias, que Jânio chamaria de "forças ocultas", sempre inconformadas, destroem a democracia. São os eternos moradores da Casa Grande, que não permitem qualquer chance à Senzala de ocupar um pequeno espaço ao sol. O desentendimento atual na Casa Grande, entre o capitão eleito e seu ex Ministro da Justiça é, surpreendentemente, uma briga entre os QUARTOS DA MESMA CASA GRANDE. O endereço é o mesmo, apenas os quartos são diferentes. Uma coisa é certa: nessa briga, o povo estará realmente de fora, na mesma senzala de sempre, apesar de seu destino estar sendo definido dentro daquelas paredes. Será mero assistente e, novamente, mera e eterna MASSA DE MANOBRA, como o foi na morte de Getúlio. É a história se repetindo como tragédia. E, ainda temos um fdp de um vírus.


 o MANIFESTo DE LAURO:

 

Lauro Velasco é economista formado pela FEA-USP, mas também é historiador de mão cheia, administrador, educador e auto didata em uma gama de atividades, além de um grande pensador político e social.

 

Nesse espaço iremos abordar assuntos, temas, histórias com um enfoque social e político, mas ao mesmo tempo com uma linguagem simples e fácil de ser entendida e disseminada.

 

E com  esse Manifesto iremos trazer a tona assuntos espinhosos, mas com um tempero bem brasileiro.....

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