Lições
A pandemia do Coronavírus deixa à humanidade em geral, e a este país em particular, uma série de lições. Diante do vírus, já constatamos que "os dias que a terra parou" profeticamente enunciada por Raul Seixas, foi uma realidade. E estamos quase chegando à conclusão que "somos todos inúteis" do Ultraje a Rigor, a começar, como diz a letra da canção, que " a gente não sabemos escolher presidente, a gente não sabemos tomar conta da gente, a gente não sabemos nem escovar os dentes, tem gringo pensando que nóis é indigente" A isso poderíamos acrescentar que a gente não sabe nem espirrar e lavar as mãos. Esse vírus fdp nos trouxe essa dura realidade. O que será depois do vírus, se sobrevivermos? Que lições tiraremos disso tudo? Entendo que a primeira grande lição será que o ser humano é extremamente frágil, impotente, medroso. Diante de um ser quase inexistente de tão minúsculo, concluímos que nada somos. Não há exércitos que o derrote, não há bombas atômicas que o destruam, nem tanques, nem fuzis, sequer metralhadoras ou granadas. Só o que há de melhor no ser humano poderá destruí-lo, vale dizer aquelas pessoas que, humanamente, lutam contra esse inimigo quase invisível, cuidando das vítimas, correndo grandes riscos de por esse vírus ser eliminado. E aqueles outros que, em laboratórios, procuram, desesperadamente, antídotos para esse mal. Deveria haver uma lição de que o planeta é uma aldeia global. Mas, mesmo isso, não aprendemos, fechando nossas casas, nossas fronteiras,como se o mal estivesse na casa do outro, ali, depois do muros, do vizinho. Deveria haver uma lição de que bens cumulados, riquezas absurdas nada valem, mas que a miséria realimenta as mortes e exponencialisa mais miséria. Bolsas, riquezas, empresas viram pó. Deveria haver a lição de que o progresso deveria ser sintetizado na produção da ciência, da tecnologia, da abundância, da garantia do pleno emprego, da educação elevada à grandeza máxima, do bem estar do mundo e de que não há mais lugar para a exploração do homem pelo homem. Deveria haver a lição de que um poder central, como agora se vê com a OMS no comando, deveria pairar sobre todo o planeta, deixando para trás as fronteiras convencionadas, a xenofobia, e entenderem que a humanidade é uma só família. Deveríamos entender, ao ver o Papa solitário na grande praça, que a frase quase profética "Pai, porque me abandonaste" faz parte da cruz da humanidade e nos faz concluir que esse pai é mais padrasto do que amigo em relação a seus filhos. Gostaria de saber o que Francisco pensou, e não falou, durante sua caminhada solitária naquela praça vazia. E que outros pastores estão pensando, nos seus templos também vazios. Como acima algumas enunciei, mil outras lições estão à disposição da humanidade, depois deste momento trágico. Será que aprendemos algo? A história da humanidade de guerras, outras pandemias, a constante arrogância dos poderosos e a luta voraz por poder e riquezas, tem mostrado que, até agora, nada tiramos dessas lições passadas. Decorrida a tempestade, poderemos voltar ao círculo vicioso. A estupidez humana não me deixa nada otimista para o futuro.