A CIA
Quando escrevo alguns artigos me reportando à presença da CIA - Central de Inteligência Americana no golpe de 2016, apeando Dilma do poder, faço-o com conhecimento de causa. Em 1969, eu era um executivo em ascensão. Era uma figura alvo para ser doutrinado. Já tinha trabalhado em empresa americana por mais de seis anos, era formado pela USP, com passagem pela FGV. Era, assim, o cara característico para uma lavagem cerebral. Não fui convidado. Foi determinado pela empresa onde trabalhava que eu fosse fazer um curso na Universidade do Texas, em Austin, sua capital política. Foram menos de uma dezena de brasileiros, tidos como promessas ilustres, e mais ou menos outras duas dezenas de todos os países abaixo do México, exceto Cuba, por óbvio. O curso, como pano de fundo, tratava de Desenvolvimento Econômico, mas a realidade de nossa presença era doutrinária, de lavagem cerebral e cooptação aos valores yankees. Ali se glorificava a iniciativa privada, apresentava-se o demônio comunista e, em alguns dias da semana, se mostrava a pujança econômica e militar daquele país. Fomos homenageados em algumas oportunidades, como se fossemos soldados americanos voltados do Vietnã, com hinos e bandeiras. É mole? Conheci a NASA, em Houston, e tirei foto dentro do protótipo da nave espacial que chegara à Lua. Fomos recebidos com almoço no Astrodome, um estádio coberto sensacional de futebol americano, com jogo em nossa homenagem. É mole, outra vez? Visitamos uma unidade naval em homenagem a Sam Houston, o gringo usurpador do Texas dos mexicanos. Visitamos o Álamo, uma espécie de fortaleza militar naquela guerra de conquista. Tudo isso para ódio de meu companheiro de quarto, um mexicano nacionalista. Falaram muito mal de Cuba, com desprezo a Fidel e ao Che Guevara, ainda não morto, sempre rotulados de assassinos. Enalteceram o golpe militar de 1964 em nosso país, que, também planejado pela CIA, nos libertou do demônio comunista. Eu, aluno e participante atento, não me deixei cooptar. Aquele meu companheiro de quarto mexicano, também não, eis que o sentimento daquele nacionalista era de um ódio atávico aos usurpadores do Tio Sam. Na época eu já estava vacinado: já era leitor de Caio Prado Jr,, de Celso Furtado, já tinha lido algumas obras de Marx e Lenin, todos eles muito dessintonizados com a doutrina capitalista. Eu já pertencia a esse outro barco. Saí ileso daquela lavagem cerebral e conheci os intestinos do inimigo, com a análise crítica dos patrocinadores. Atrás disso estava a CIA, com verba do Ponto IV norte americano, programa de doutrinação pelo mundo afora, e que, inclusive, foi o responsável pela implantação e manutenção do ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica em São José dos Campos, como contra partida pelo engajamento de nosso país na Segunda Guerra Mundial. Observem que nunca vi uma liderança de esquerda saída dos quadros do ITA. Essa minha experiência de vida me levou a uma certeza: Os EUA NÃO TÊM AMIGOS, TEM INTERESSES. E daí decorre minha convicção de que o golpe de 2016 foi arquitetado e armado pela CIA, com plena anuência e colaboração nacional dos entreguistas. Quando assistimos o capitão eleito ser convocado para um jantar com Trump, tenho certeza de que a alcoviteira foi a CIA e podemos colocar as barbas de molho porque aqueles gringos se preparam para dar um bote em nossas riquezas, a começar pelo Pré-Sal e outros minerais valiosos. O recado está dado.