top of page

Caixa Vazia

Reconheço que o ânimo para escrever está cada dia mais raro, mais distante. Por tudo o que nos cerca. Aqui e no resto do mundo, com raras ilhas de exceção. Porém, até por um compromisso comigo mesmo, vejo-me obrigado a me posicionar sobre um assunto de maiúscula importância, que passa à margem da sensibilidade para a maioria das pessoas. Não que minha opinião seja fundamental, ao contrário, mas não devo me omitir. É imperativo deixar registrado. A luta ideológica secular das forças políticas assumiu nova roupagem nos dias atuais: A LUTA ECOLÓGICA. Este é o grande tema do século XXI. Parece, à maioria das pessoas, um problema distante, quase abstrato, mas é algo que diz respeito ao futuro das gerações e do planeta. Teria, supostamente, deixado para traz as batalhas entre direita e esquerda, capitalismo e socialismo, dos dois últimos séculos, mas não, apenas assumiram novo formato para uma luta assemelhada. No fundo, a direita defende algo que se confronta com um mundo humanista. E a defesa do cenário ecológico está mais próximo das forças à esquerda. O meu evoluir como ser político e como economista fez-me atingir um patamar de consciência, que fica distante de uma discussão apenas ideológica e econômica. O economista que existe em mim não consegue se abster de exercer uma contundente crítica às próprias ciências, ditas econômicas. Historicamente, os economistas sempre se puseram a discutir modelos econômicos, ao longo dos três últimos séculos. Passaram pelo estudo de incontáveis nuances desses modelos. E, observem, como pano de fundo, qualquer que seja o modelo, o objetivo sempre esteve em maximizar os efeitos do crescimento econômico. Reparem que nunca se ousou discutir modelos econômicos que não pautem apenas pelo prisma do desenvolvimento econômico. Inexiste. Que desenvolvimento, cara pálida? Aquele que vislumbra sempre o crescimento do PIB, dos níveis de Renda, dos Lucros, da Riqueza Nacional? E quem disse que esse desenvolvimento faz bem ao ser humano como um todo e no limite de suas capacidades, sem atentar para o nível de distribuição de renda e respeitando os limites da própria natureza? Sabemos que os recursos do planeta são finitos. Por mais que a tecnologia e novas descobertas avancem, haverá sempre um limite para o esgotamento desses recursos. A variável do crescimento populacional e das condições de acréscimo incontrolável de tudo o que se produz, supérfluo ou não, ditam os limites da sobrevivência planetária. O crescimento econômico ininterrupto, desenfreado, liberal, irresponsável, acumulador, nos levará ao desastre. Não há saída. O paradoxo existirá com clareza: estaremos em suposto desenvolvimento material contínuo e em direção à morte do planeta. Sem dúvida alguma, a origem desse drama está no capitalismo. A ganância, o poder, o círculo vicioso da acumulação, a doença do possuir incontrolado, a reverência ao bezerro de ouro, da maximização da eficiência e da eficácia, nos levará à minimização das condições de vida na natureza, no meio ambiente. Sem falar no exército de miseráveis à margem da vida, pululando pelos campos e cidades do mundo. Sem dúvida, o capitalismo é o modelo grandemente gerador de riqueza. E de pobreza. Modelos dos economistas voltados para o capitalismo não atentam nunca se modelo será o gerador da destruição. O planeta sabe disso, mas não tem voz. O ser humano, que tem voz, está perdido no caos. Com tudo o que a vemos a nossa volta, com poucas vozes para alertar o prenúncio desse caos, olhamos a Caixa de Pandora e observamos que ela está vazia. A esperança escapou, sumiu!!!. A medida do tempo é mera convenção humana. Apesar disso, tenham todos melhores dias vindouros, no que chamamos de Ano Novo, e boa caça à esperança. É vital.


 o MANIFESTo DE LAURO:

 

Lauro Velasco é economista formado pela FEA-USP, mas também é historiador de mão cheia, administrador, educador e auto didata em uma gama de atividades, além de um grande pensador político e social.

 

Nesse espaço iremos abordar assuntos, temas, histórias com um enfoque social e político, mas ao mesmo tempo com uma linguagem simples e fácil de ser entendida e disseminada.

 

E com  esse Manifesto iremos trazer a tona assuntos espinhosos, mas com um tempero bem brasileiro.....

 Siga o lauro: 
  • Facebook B&W
 POSTS recentes: 
bottom of page