Unicidade de Comando

Há um princípio básico, quase uma cláusula pétrea, na gestão da coisa pública e privada, que é o que os administradores chamam de Unicidade de Comando. Ninguém, em qualquer instituição, obedece a dois senhores. Se isso ocorrer, instala-se a anarquia. Assim, um presidente eleito, na obediência de um organograma, nomeia seus ministros e, em conjunto com eles e com as forças políticas, define os subordinados dos demais escalões para se encarregarem da gestão dos assuntos das respectivas áreas. Definidos os ocupantes nessa linha de atividade, cada um obedece a apenas uma autoridade. Dessa forma, todos os subordinados de um ministro só devem a ele se reportar e a ninguém mais. Se o presidente tem discordância de orientações e de ação desse gestor, deve unicamente se reportar ao ministro e este, acatando ou não, tomará ou deixara de tomar providências. Em última análise, o presidente pode impor sua vontade e autoridade demitindo o ministro, mas nunca passar por cima de sua autoridade e comandar o subordinado em segundo escalão. Se isso ocorrer, rompendo a linha de autoridade, instala-se a anarquia ou a ditadura, além de desmoralizar o superior hierárquico perante a nação. Parece-me que o capitão eleito é adepto desses dois desvios comportamentais. Pelos seus discursos e ações, já se instalou a anarquia no país. Só falta o risco de voltarmos à ditadura. O Moro que se cuide, coloque as barbas de molho, pois seu encanto e intocabilidade originais parecem desmanchar-se lentamente no ar, em direção às profundezas do inferno.