top of page

O Perigo Castrense

Para aqueles que não conhecem, o adjetivo castrense significa tudo aquilo relativo à classe militar. E é, realmente, uma classe, na sua definição de estruturação de um grupo de humanos. Dito e esclarecido isso, ressalto que, na minha visão, estamos correndo um grande risco castrense. Habita o noticiário dos últimos dias, a queda de um general dos quadros do capitão eleito, de cargo maiúsculo. De imediato, a nomeação de outro general, este, inclusive, da ativa. Vale dizer, saca-se um militar comandante ativo e o coloca na burocracia governamental. Na véspera de sua nomeação, esse general aparece comandando milhares de soldados, cabos, sargentos e toda a estrutura hierárquica de sua tropa. Há um certo consenso na história de que o poder inebria, vicia e corrompe. Os militares não estão isentos desse mal secular: se corrompem, também. A própria história deste país, nos últimos 50 anos, e de outras nações, está farta de exemplos. Não sei se a sociedade civil percebe, está consciente, mas, insidiosamente, esse governo preenche cargos de grande importância com militares de alta patente. O militar é o avesso de um processo democrático e político, onde o exercício dialético e contraditório está presente no cotidiano de seus agentes. O militar se conduz na senda da obediência, tendo, no seu quadro de carreira e nos Regulamentos Disciplinares (RDs) sua bíblia de conduta. Já assistimos incontáveis constituições serem rasgadas, porém nunca vimos os RDs serem desobedecidos, a não ser em atos revolucionários. Os Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas formalizam uma sociedade de classes, mesmo que transitória. Diferente das classes decorrentes, por exemplo, do Hinduísmo, onde a definição do destino de cada um é feito em função do nascimento e da secularidade do gueto ou do palácio, a sociedade classista militar é aquela definida pela estrutura da força por seu Regulamento Disciplinar. Só vemos um capitão apear do poder um general, em decorrência da outorga do poder sustentada na Carta Magna e pelo voto do povo. Até quando isso prevalecerá? Até quando o quartel respeitará o palácio e as casas da lei? Na minha visão, corremos um enorme risco de retrocesso, com tantos militares de alta patente assumindo cargos de confiança nesse governo. Imaginem, apenas como hipótese, que, nas eleições vindouras, esse governo seja apeado pelo poder, pelo desgaste e pelo desejo explícito e majoritário da sociedade civil. Como reagirão esses castrenses, já habituados às doçuras do poder e do comando sem bloqueios, no espírito da obediência irrestrita. Já vimos esse filme na história, com terríveis consequências. É muito importante, desde já, o exercício crítico dessas condutas do poder vigente, para que não tomem de assalto, mais uma vez, o poder político, sustentados pela tropa e por militares que, a rigor, só obedecem à classe estruturada castrense. Sempre alerta, como diriam os escoteiros de minha época.


 o MANIFESTo DE LAURO:

 

Lauro Velasco é economista formado pela FEA-USP, mas também é historiador de mão cheia, administrador, educador e auto didata em uma gama de atividades, além de um grande pensador político e social.

 

Nesse espaço iremos abordar assuntos, temas, histórias com um enfoque social e político, mas ao mesmo tempo com uma linguagem simples e fácil de ser entendida e disseminada.

 

E com  esse Manifesto iremos trazer a tona assuntos espinhosos, mas com um tempero bem brasileiro.....

 Siga o lauro: 
  • Facebook B&W
 POSTS recentes: 
bottom of page