O Tempo que não Passou
Assistimos o capitão eleito, como incendiário irracional, aprovar e dar suporte à morte de invasor, a título de proteção à propriedade privada, como se a vida de qualquer cidadão estivesse em plano secundário, em relação ao direito de bens. Assistimos, também, a deputada Janaína Pascoal, advogada, dando aprovação à delação de aluna em vídeo produzido, e o Ministro da Educação ratificando a atitude, dizendo que é direito do aluno ser delator. Como corolário, o capitão eleito não quer mais o Prof. Paulo Freire, mundialmente reconhecido como grande educador, como Patrono da educação. Lembrei-me de um trecho de livro que li, que relata um ato político em Catende, no Estado da Bahia, na década de 1940, onde se realizava um comício do Partido Comunista Brasileiro. Naquele ato, a reacionária igreja de então, sob a tutela maior do papa Pio XII, inimigo mortal do comunismo e silente em relação ao nazismo e fascismo, organizou uma procissão de fiéis e, na frente do cortejo, colocou uma boiada, com dezenas de cabeças de gado. O objetivo era dispersar o povo, destruir e inviabilizar o comício. Gregório Bezerra, e sargento do exército brasileiro, expulso de suas fileiras, era o orador do momento. Ele berrou de cima do palanque: " Tenham calma, companheiros! Abram alas e deixem passar a Idade Média". A igreja, com Francisco como Papa, já mudou um pouco. Com relação ao resto, continuamos assistindo à passagem da Idade Média.
Fonte Literária: Livro Marighela - O guerrilheiro que incendiou o Mundo - autor Mario Magalhães.
