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Notre Dame

Em 2012, recebi um convite de uma artista plástica brasileira, minha amiga, para ir até Paris, visitar uma exposição de seus quadros de xilogravura, que ocorria na capital francesa. Fui. Aproveitei a rara oportunidade e, com parte de minha família, visitamos os principais pontos turísticos de Paris, indo até Versailles. Num domingo de muito calor, por volta do meio dia, fomos à Catedral, que, segundo nos informaram, completava 800 anos. Acontecia uma missa nesse horário, ministrada por dois cardeais. Ambos eram altos, bonitos, elegantes, como se exige para um templo dessa categoria. Um deles era um negro esbelto, de rara beleza e o outro era branco, com louros cabelos. Havia, assim eu entendia, um simbolismo naquela comunhão de raças e cores: o equilíbrio desejado entre os povos. A solenidade era de alto envolvimento emocional da alma de cada um, mesmo eu sendo um ateu. Os grandes e coloridos vitrais, as obras de arte, os altares, as estátuas históricas de santos e santas, a sensação da presença do Corcunda de Vitor Hugo, escondido nos recantos de seus telhados, enfim, tudo aquilo emanava, de fato, algo divino e mágico. A missa se desenrolava sob o triste som do canto gregoriano de um coral de cerca de 80 vozes de meninos, com idade entre 10 e 15 anos. Minha mulher vertia lágrimas de emoção. Eu também. O poeta francês Paul Claudel, que se dizia também ateu e, assistindo uma solenidade semelhante à que assisti, se converteu, convicto de que só um Deus poderia produzir tudo aquilo. Eu não cheguei a tanto, até porque não sou um poeta. Mas tudo aquilo impressiona e emociona. Continuei entendendo que o que vi, ouvi e senti é pura e simples criação do gênio humano, que, quando se volta para o íntimo de sua alma, pode produzir sensações que nos levam ao nirvana ou ao paraíso. Hoje, depois do incêndio, ficamos com a triste sensação de uma perda definitiva. Uma imensa tristeza nos habita. Uma pena.

 o MANIFESTo DE LAURO:

 

Lauro Velasco é economista formado pela FEA-USP, mas também é historiador de mão cheia, administrador, educador e auto didata em uma gama de atividades, além de um grande pensador político e social.

 

Nesse espaço iremos abordar assuntos, temas, histórias com um enfoque social e político, mas ao mesmo tempo com uma linguagem simples e fácil de ser entendida e disseminada.

 

E com  esse Manifesto iremos trazer a tona assuntos espinhosos, mas com um tempero bem brasileiro.....

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