Green Book
Por coincidência, eu e a Neusinha, fomos, ontem, assistir esse filme premiado com o Oscar. Imaginava uma daquelas baboseiras do cinema norte americano. Me enganei. O filme é mais profundo do que imaginava. Há vários aspectos de notabilidade no filme, muito além do preconceito racial e homofóbico. O pianista, negro, genial, mas sem recursos, recebeu uma bolsa de estudos para se aprimorar numa Academia musical em Leningrado, na URSS, em 1953, exatamente no ano da morte do "demônio" Stalin. Como negro, não teve oportunidade em seu país, precisando receber bolsa no "maldito" país comunista, conforme diria John Edgar Hoover, um dos maiores fascistas da história norte americana(que tem milhares). Em seus estudos, o pianista se especializou nos clássicos, como Mozart, Beethoven, List entre outros. No seu país, o filme mostra que, em função de sua raça e cor negras, não pode tocar nas suas maiores orquestras. A cor negra não se ajustava àquele tipo de música, tão burguesa e supostamente branca. O público elitista e racista dessas obras não o acolhia. Daí, para sobreviver, partiu para o jazz e músicas dessa natureza, sofrendo toda espécie de discriminações no seu caminho pelo sul daquele país, mesmo sendo reconhecido como um gênio. Seu motorista, branco, apenas faz ressaltar o aspecto discriminatório. Em época da Orquestra Filarmônica de Boston Pops, regida por seu loiríssimo maestro Arthur Fiedler, não havia lugar para o gênio negro tocar os clássicos. Grande lição, em que mesmo gênios sofriam à margem da vida.
