Alguém precisa falar com o Capitão
Parece-me que estamos vivendo um anestesiamento total, sobretudo dos formadores de opinião. O que o capitão eleito tem dito de assuntos maiúsculos é um verdadeiro desastre: Senão vejamos: 1) A decisão ou indecisão, dependo do momento da entrevista, da mudança da nossa embaixada de Telavive para Jerusalém é um desastre completo. Como ser insensível nesse assunto a todos os países árabes e não árabes da região, que entendem que Jerusalém é, ainda, uma cidade indefinida sob a ótica de domínio. Colocá-la como capital política do estado judeu é, gratuitamente, comprar uma enorme dissintonia com aqueles países. Será que alguém já buzinou na orelha do capitão eleito as consequências econômicas e políticas a respeito? 2) A declaração sobre o IBAMA que, segundo o capitão, não deve colocar obstáculos com desaprovação de projetos que possam impactar meio ambiente, é de uma primária falta de censo. Como dizer isso sobre um órgão disciplinador, sem provocar seu total esvaziamento? 3) A declaração sobre reservas indígenas, particularmente a dos Ianomâmis, em Roraima, é, sem a mínima análise, condenar, mais uma vez, à destruição esses povos indígenas. É claro que a bancada da bala e dos fazendeiros estão exultantes. Que se lasque a floresta amazônica e suas adjacências, bem como seus povos. 4) A demonstração de subserviência em relação ao poderio norte americano é, simplesmente, vergonhoso. Fico imaginando alguns oficiais das forças armadas, que outrora se diziam nacionalistas, observando as imagens de continência à bandeira e às autoridades americanas. Na minha pequena época de militar, a continência era uma expressão de cumprimento, mas, sobretudo, de subserviência ao posto mais elevado. Se ele, como capitão, mesmo que reformado, não entende isso, estamos perdidos. Além disso, aliar-se automaticamente ao Trump é de uma insanidade ímpar, assim reconhecido pelo resto do mundo. 5) Exteriorizar sua aversão a países ditos mais à esquerda, em função de suas idiossincrasias adquiridas nos quartéis, é de um primarismo diplomático nunca visto. 6) Colocar um ministério de Meio Ambiente subordinado ao Ministério da Agricultura é oficializar a raposa tomando conta do galinheiro. 7) Fazer as declarações que fez em relação ao programa Mais Médicos, provocando o rompimento do contrato em vigência, por pretender humilhar Cuba, sem sequer ter assumido o cargo de Presidente, trazendo grandes malefícios a milhões de pobres deste país, seria o que? Insanidade, cegueira, ou qual outra desqualidade? Certamente ficaria aqui horas e horas para identificar grandes "pisadas de bola" do capitão eleito, ISSO SEM AINDA TER TOMADO POSSE. O que virá depois de 1 de janeiro de 2019? Alguém precisa falar com esse cidadão para fechar a boca.