A História não Aprendida
Ontem, domingo, como às vezes faço, fui com a Neusinha caminhar na Av. Paulista. Havia grande aglomeração dos adeptos da candidatura do capitão, todos muito bem nutridos, grande parte com camisetas amarelas, falando de Deus, do Brasil e do Mito(sic). Caminhamos, eu e minha mulher, quase ignorando tudo aquilo, apenas observando o mais chamativo. Num trecho da avenida, havia um caminhão de som, desses que transportam trios elétricos, com 3 bandeiras hasteadas: a brasileira, a americana e a israelense. Com relação à bandeira americana, nenhuma surpresa. Afinal, desde que F.D. Roosevelt cooptou Getúlio Vargas para entrarmos na segunda guerra, financiando e dando toda tecnologia para implantarmos a Usina de Aço de Volta Redonda, várias concessões foram exigidas dos brasileiros pelos norte-americanos. Uma delas é que, a partir de então, todos nossos oficiais superiores das Forças Armadas fizessem cursos doutrinários em West Point, nos Estados Unidos. Até então, nossos oficiais de alta patente faziam seus cursos de formação militar na academia de Sourbonne, na França. A partir de então a lavagem cerebral desses militares colocaram nossas Forças Armadas de joelhos, sem identidade própria. O anticomunismo exacerbado dos milicos nasce daí. O que me surpreendeu, de fato, foi a bandeira de Israel naquele ato. Sabidamente, a diplomacia brasileira muito atuou para salvar vidas e para receber judeus perseguidos na Europa. É provável que muitos filhos e netos desses imigrantes estivessem lá na Paulista, desfraldando aquela bandeira. Já haviam me dito que, por ocasião da visita do capitão candidato à Hebraica, um dos clubes judaicos de São Paulo, ele foi recebido como verdadeiro Moisés: aclamado e quase carregado em triunfo. É incrível como lições da história não entram nas cabeças de certos povos, mesmo aqueles mais cultos, como é o caso dos judeus. Sei que não são todos. Eu tenho amigos judeus que abominaram essa conduta. Porém, aqueles que permitiram hastear uma bandeira desse país na campanha nazifascista do capitão, certamente desrespeitaram os milhões de mortos no holocausto daquele povo. As metáforas bíblicas já mostraram certas contradições desse povo em certas circunstâncias. Enquanto Moisés recebia o Decálogo de Deus, seu povo, ao pé do monte Sinai, adorava bezerros de ouro. Porém, de todos poderíamos esperar isso, nunca do povo judeu. Parece que nada aprenderam das páginas mais importantes, tristes e sangrentas da história de seu próprio povo.