Obscurantismo
Vivemos momentos obscuros neste país.
Assiste-se ao julgamento de Lula em Tribunais Federais Regionais e no Superior Tribunal de Justiça, onde tratam da prisão ou não do ex presidente, depois de condenação transitada em julgado na segunda instância.
Não sei se as pessoas minimamente lúcidas percebem e entendem o que de fato está ocorrendo: uma inversão de valores.
Não tenho, nem quero, procuração de Lula para defendê-lo, nem advogado sou. Para quem me conhece, sabe que já fui crítico dele e de seu partido, que, para mim, está moribundo. Minha defesa, contudo, é contra o obscurantismo.
O assunto agora determinante é se ele deve ser preso ou não, depois de julgados por esses tribunais. Virou-se a chave. Mudou-se o foco.
Deixaram de lado e para trás o aspecto mais substantivo da questão: o motivo e procedência dessa condenação, o chamado mérito da questão.
Ela se sustente de fato e em fatos? NÃO. A condenação é uma farsa, pois documentos concretos e probatórios inexistem. Criou-se um castelo de cartas, sem qualquer alicerce real de provas irrefutáveis. Nada vem do nada. Aqui tudo veio do nada.
O suposto crime carece de provas concretas, conclusivas. Não houve uma prova sequer. Apenas alusões e ilusões .
Assim, criou-se uma condenação de pura sustentação abstrata e de delações suspeitas, para único benefício dos delatores. Dedo duro virou baluarte da lei, na cabeça de certos juízes.
Percebem que o delito que não existiu, já é dado como existente e consumado? Assume-se como fato concreto, sem mais discussão, apesar de não haver sustentação irrefutável para a tese sustentada pelos acusadores. E segue o jogo.
Agora, já se discute seu efeito, em outra dimensão: a prisão. Como se pode discutir o efeito, quando a causa ainda inexiste, comprovadamente?
O trator de um “direito” estranho passa por cima de uma lógica dos fatos.
Continuo me lembrando da história de mulheres condenadas pela Inquisição, simplesmente porque ouviam vozes, ou tinham verrugas em lugares comprometedores do organismo. Fatos concretos para essas “bruxas” arderem nas fogueiras.
Vivemos momentos de obscurantismo neste país, como na Idade Média.