Um País Estranho
A união primeira dos 13 estados americanos fez nascer os Estados Unidos da América. Quando da Revolução de 04 de julho de 1776, os chamados "Pais da Pátria" esperaram até a conclusão da guerra da Independência contra a Inglaterra, e, tão logo a nova nação foi reconhecida de fato e de direito, promulgaram sua Constituição, no ano de 1787. Algumas Emendas foram agregadas àquela carta, sendo a 2a. Emenda, em 1791, aquela que tratava das liberdades e direitos individuais. Dentro dessa Emenda, consta o direito dos cidadãos de portar armas. Os país EUA daquela época estava quase todo, ainda, por ser construído. Só havia os treze estados do Leste. e todo o Oeste Americano estava por ser conquistado. Alguns estados foram comprados da França e outros surrupiados do pobre vizinho, o México. A sanha de conquistar territórios à força pelos EUA é, portanto, atávica. Naquela época do século XVIII, se explicava e justificava o porte de armas pelos cidadãos. Era um país ainda selvagem, com índios por todo o lado, animais selvagens, bandoleiros e bandidos de toda ordem. Até a necessidade de caça para manutenção alimentar justificava esse porte, sem contar a proteção de rebanhos de animais domésticos que cada colono tinha que cuidar. Quando assistimos os velhos faroestes americanos, muito de ficção existe, porém retrata uma realidade que nos faz entender claramente a saga do povo daquele país. Mostra os alicerces dos EUA numa luta primária pela sobrevivência. Nessa luta, milhões de índios foram covardemente mortos e quase dizimados, bem como seus vizinhos se puseram de joelhos. Assim, o porte de armas ficou fazendo parte daquela cultura, o que se transportou para todos os cidadãos, também dos centros urbanos. A cultura americana, dos campos e das cidades, acabou se sedimentando na violência em todos os sentidos, onde o porte de arma faz um papel central. Vejam os mafiosos e as gangues urbanas. A sedimentação dessa violência gera cada vez mais violência, num círculo vicioso crescente e interminável. Assim, se criou uma sociedade estranha, paradoxal. De um lado, cidadãos conscientes, que conseguem ver o valor da vida de forma mais humana. De outro, os cidadãos raivosos, doentios, que nunca conseguem libertar o mecanismo da morte, rotulados por eles como auto defesa. Por outro lado, os EUA se transformara há muito como o xerife do mundo, apeando do poder chefes de estados soberanos, aqueles que lhe der na telha, sempre visando seus interesses econômicos ou estratégicos. Nunca conseguem entender a visão do contrário, como se detentores fossem de toda a verdade do mundo e de parâmetros comportamentais. Como império, ignoram as culturas díspares. Colhe o resultado de espalhar o ódio, ao anarquizar o mundo e ter inimigos em toda a face da terra. Com a liberdade do porte de armas de forma irrestrita, a burrice americana se consolida, permitindo que qualquer um, até seus inimigos viscerais, plantados pelo mundo afora e dentro de seu próprio território, se armem, podendo disparar contra qualquer cidadão, numa guerra não declarada, mas presente no cotidiano daquele país. É um paradoxo incompreensível até para a mínima inteligência. Enquanto essa 2a. Emenda não for alterada e qualquer cidadão possa portar armas, o resultado será esse filme de horrores que temos assistido ao longo dos tempos.