Aniversário
Hoje, 2 de setembro, é o aniversário de minha cidade natal, Presidente Venceslau, no oeste paulista. Nem eu, nem ninguém entende, até hoje, a lógica do porquê a cidade tem esse nome, em homenagem a um presidente mineiro, que nunca lá apareceu e a quem os desbravadores nada deviam. Eu sempre preferi seu nome original de um povoado chamado Coroados, em homenagem aos bravos e guerreiros índios guaranis e caiuás(kaiowáas), lá então existentes e hoje em diáspora pelo país. Porém, nada contra os mineiros. São gente fina. Há 58 anos atrás, em 1958, construímos na av. D. Pedro II, na frente do antigo Fórum, um Altar da Pátria. Era um tablado, onde lá estavam hasteadas a bandeira nacional, a paulista e a do município, para a semana da Pátria, que ia do dia 01 a 07/09. Nesse período, os soldados do Tiro de Guerra 232, alí ficavam, em guarda aos símbolos, e o povo passava a sua frente e os reverenciava. Eu era um dos comandantes da guarda, trocadas diariamente. Os soldados faziam turno contínuo a cada 2 horas, durante o ciclo das 24 horas diárias. Num desses dias, um dos visitantes era um caboclo simplório, roupas e botinas surradas, mãos calejadas, chapéu na mão, tirado da cabeça, em respeito e homenagem aos símbolos, hoje fora de moda, ficou ao lado do amigo, em frente ao altar, olhando os dois soldados de plantão. Ele dizia " Óia só ele, num se mexe, num respira, num pisca, pareci uma estauta" Ríamos silenciosamente, menos os dois guardas impávidos: se rissem poderiam ser punidos pelos Sargentos Nabuco e Sadi. Eram tempos de Juscelino, tempos então de esperança e alegria, mesmo, mais tarde, tempos criticados pelo modelo econômico desenvolvimentista adotado. Mas, sem dúvida, tempos de transformação. Hoje, muitos daqueles sonhos estão sepultos. Não vemos mais os mesmos horizontes de esperança e daquela alegria, não apenas pelo que já ocorreu, mas pelo que, ainda, nos espera pela frente. De qualquer forma, parabéns a minha cidade, onde vivi boa parte de meus momentos felizes. E a seu povo, cuja característica sempre foi bem receber aos forasteiros.
