Renascimento
Depois de cerca de nove séculos, desde a queda definitiva e esfacelamento do Império Romano, até os séculos XV e XVI, o mundo ocidental começou a libertar-se das trevas da Idade Média. Lentamente, as luzes recomeçaram a surgir, nas ciências, nas artes, nas letras, no comércio. Revitalizou-se tudo. Nesse período de hibernação de séculos, os únicos povos que relativamente se desenvolveram foram os árabes, libertos de uma canga do cristianismo rançoso, prepotente e atrasado. O renascimento deu nova vida ao mundo ocidental, e não é necessário dizer mais nada sobre ele. O renascer é sempre uma dádiva não apenas da natureza, como em todo ser vivo do planeta. Daí, a consagração da esperança imortal. Em certos momentos da história humana, sempre se constatou uma destruição tamanha, que dificil ficava vislumbrar um renascimento, tal as cinzas e cadáveres espalhados pelo mundo. A história das guerras, das revoluções, das misérias, da fome, das pestes, dos grandes desastres terrestres, são alguns exemplos de uma tamanha destruição que inimaginável a reconstrução. Mas ela sempre virá. Já vimos ou ouvimos falar disso incontáveis vezes. Guardadas as devidas proporções históricas, estamos, neste país, entrando num período que pode ser de trevas. O país não está arrasado por hecatombes terrestres, nem por guerras ou revoluções, nem por bombas atômicas jogadas sobre nós. Mas encontra-se num momento disforme, perdido, sem rumos. Não sabemos o que nos espera. Quero restringir meu comentário de renascimento às forças políticas derrotadas e apeadas do poder. Há que se reiniciar tudo outra vez. Renascer. Tal qual na mitologia grega a lenda de Sísifo, a pedra rolou montanha abaixo e foi parar no abismo, tornando-se necessário reiniciar sua subida. Esse é um destino inelutável da humanidade. Ela nunca se libertará disso. Mas sempre é tempo de renascer. Vamos ver se conseguimos um renascimento sem cometer os erros do passado. Sempre dizemos isso, e sempre incidimos em outros erros. Vamos esperar que isso não ocorra mais. As forças políticas ora derrotadas devem se agrupar. Juntar os cacos e repensar a vida. Nesse renascer, precisamos ter claro que aquilo que deve conduzir a todos SÃO AS IDÉIAS, OS PRINCÍPIOS. Nunca mais deveremos nos amarrar às lideranças salvacionistas. Chega de Antonios Conselheiros. O culto à personalidade é um mal. O ser humano é imprevisível. O pano de fundo deve ser sempre e de forma irredutível , o plano dos princípios, norteando os que querem o iluminismo. Seguidores que se desviem do caminho desses princípios devem ser apartados do rebanho, imediatamente. Seja ele a liderança maior, seja ele o liderado menor. Princípios são intocáveis, são cláusula pétrea. Impossível fugir deles. Assim, poderemos criar algo que não nos faça mais sofrer as decepções de hoje e possam conduzir um rebanho de forma lúcida e firme, sempre estribado apenas em princípios e idéias. Sem salvacionistas. É hora de renascer.