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"O Técnico do Palmeiras, O Impeachment e a Democracia"

Esta crônica é para deixar bem claro aos meus amigos, aos meus poucos inimigos (se os há), parentes, pessoas comuns que lêem meus artigos, enfim, a todos a quem interessar possa que SOU CONTRA O IMPEACHMENT da Presidente. Absolutamente contra.

Na noite de ontem, dia 9, não fiquei feliz com a derrota de meu time, o Corinthians, mas fiquei, sinceramente, entristecido, não pela derrota de Palmeiras, mas pela demissão de seu técnico, Marcelo Oliveira. Daí, fiz uma analogia: a demissão do técnico e o impeachment de Dilma. Sou contra os dois, o que, como se pode ver, no primeiro caso, nada mais se pode fazer. Espero que, no segundo, se possa.

No caso do técnico, há uma cultura futebolística idiota, que o condena, quando os resultados não aparecem, ou aparecem de forma negativa. Se sepulta, sem a mínima cerimônia, toda sua competência demonstrada no passado recente. Era bom, agora não é mais. Desaprendeu em menos de um ano. Uma idiotice.

No caso da Presidência, surge a mesma questão. Foi competente no primeiro mandato a ponto de ser reeleita. Depois desaprendeu: os resultados da economia são desastrosos. Não devo colocar a corrupção a débito da Presidência, porque, até agora, ela, Presidente, mantém-se com sua honorabilidade intocável, até prova em contrário. Não há como assumir uma conduta para um técnico de futebol, semelhante a que se pretende com relação à Presidência.

Em meus escritos recentes sobre Pasadena, Pedaladas Fiscais, Os Partidos Políticos, Selic e outros, tenho deixado claro que a oposição e a grande imprensa são construtoras de grandes argumentos detratores da Presidência, todos criados e sustentados, claramente, em pés de barro argumentativos.

Grande parte, senão toda, dessa crise política e econômica, foi criada pela imprensa, pela elite empresarial conservadora, por uma classe média intolerante e por parte do judiciário. Objetivo: destruir o PT e Lula. Reaver o comando da elite.

No que escrevi, fica claro que grande parte do desequilíbrio fiscal decorre de benesses concedidas às empresas em 2015, ocasião em que esses beneficiados nada reclamavam. A imprensa, como formadora de opinião e indutora comportamental, cada vez mais, sempre num crescendo, conseguiu dar dimensões gigantescas e apocalípticas aos contornos da crise econômica, a ponto até das verbas publicitárias a esses meios de comunicação diminuir drasticamente, levando o caos aos próprios órgãos. Mais ou menos, como um tiro saindo pela culatra.

Tenho absoluta convicção de que o modus operandi adotado pelo judiciário, nas mãos do juiz salvacionista paranaense, foi, também, trágico nesse aspecto do combate à corrupção. Houve falta da visão panorâmica das conseqüências, deliberadamente ou não. Isso não quer dizer que a corrupção não deve ser combatida. Deve ser e de forma ampla, constante, não casuística. Porém, a forma de conduzir do judiciário nesse caso foi combater a doença, matando o paciente. Haveria dezenas de caminhos alternativos, sem essa conotação espetaculosa, que levaria ao mesmo resultado, desde que, inteligentemente, as ações fossem conduzidas sem querer erradicar, a curtíssimo prazo, um mau que nos assola a centena de anos. De repente, incorpora-se em toda a sociedade o espírito de pureza, seriedade, honorabilidade, e outras qualidades do incorruptível. De repente.

Aqui, não há de minha parte nenhuma intenção em preservar o PT, os partidos da base aliada e suas lideranças. Eles já estão todos mortos há algum tempo. É o desejo de defender um princípio. De uma forma ou de outra, quem ocupa a cadeira no Planalto é alguém que foi eleita com uma vantagem de mais de 4 milhões de votos ao segundo colocado. Isso há pouco mais de um ano. A democracia pode nos apresentar surpresas, como a que estamos vivendo, e isso serve como ensinamento didático para o futuro, para aprender a melhor escolher. Porém, a regra do jogo vale para o jogo inteiro e o fato de estar perdendo não faz com que tenhamos que trocar o técnico, nem as regras, com se faz no futebol. Nem interromper o jogo.

A governança é algo muito mais sério do que num jogo. Pretender o impeachment é criar o casuísmo, o caos definitivo, destruir um sistema e implantar um processo anárquico. Qualquer pessoa, no futuro, que seja eleita, terá que se curvar, sempre, aos mesmos atores insatisfeitos de hoje, se estiverem insatisfeitos também amanhã, sob pena de sofrer as mesmas conseqüências, vale dizer, ser apeada do poder. A DEMOCRACIA NÃO PODE IR POR ESSE CAMINHO. Se for, não será democracia. A intolerância será a regra.

Se escolhermos mal, a culpa é apenas nossa e devemos aprender com o erro e não eliminar o eleito, instituindo-se esse processo autoritário de comportamento no futuro. Seria uma democracia sem regras. Vale apenas o poder dessas elites. Não será democracia.


 o MANIFESTo DE LAURO:

 

Lauro Velasco é economista formado pela FEA-USP, mas também é historiador de mão cheia, administrador, educador e auto didata em uma gama de atividades, além de um grande pensador político e social.

 

Nesse espaço iremos abordar assuntos, temas, histórias com um enfoque social e político, mas ao mesmo tempo com uma linguagem simples e fácil de ser entendida e disseminada.

 

E com  esse Manifesto iremos trazer a tona assuntos espinhosos, mas com um tempero bem brasileiro.....

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