"Torquemada"
Há, hoje, um manifesto nos jornais, assinado por uma centena de advogados, com fortes críticas à forma de condução do processo da Lava Jato. O que surpreende não é o manifesto, mas a demora na manifestação e o pequeno número de causídicos assinantes do documento. Todos os juristas do país deveriam ratificar o manifesto. Não sou advogado, não tenho a mínima identidade com quem quer que seja daqueles presos, minha formação ideológica e ética é totalmente diversa da...quela gente, mas há uma clara e insofismável procedência no conteúdo do manifesto. Na síntese, os causídicos sustentam, com razão, que o juiz Sérgio Moro jogou a lei, e os procedimentos por ela previstos, no cesto do lixo. O nosso Don Quixote jurídico, para bom entendedor, é rotulado sutilmente no manifesto como um atrapalhado Sancho Pança, com todos os pruridos próprios na linguagem dos advogados. No futuro, não tenho a menor dúvida, Sérgio Moro será rotulado de Torquemada de Curitiba, o eliminador dos marranos, vulgos mouros, travestidos de empreiteiros, sem a mínima chance de defesa. De quebra, será responsabilizado pelo disparo de uma enorme crise econômica em que meteu o país, pela forma destrambelhada com que procedeu. Como bom inquisidor, primeiro prende, depois vê se o converte, ou pode virar delator. Aí, solta. Se não se tranformar em dedo duro, continua preso. Um novo nome de chantagem, sustentado pelo direito caolho. Ainda bem que as fogueiras acabaram, senão esses corruptos estariam fritos (ou assados), presos sem a mínima chance de defesa, tipo século XV. O que ninguém percebe, ou se nega a perceber, é que precisa avisar o Dr. Sérgio Moro que o segundo capítulo para destruição do PT já alcançou seu objetivo. O PT já está morto há algum tempo, não por causa dele, Sérgio Moro, nem por causa do primeiro capítulo, o Mensalão. O PT está morto porque ele próprio cravou um punhal no seu peito, ao se distanciar tão descaradamente do seu discurso às vistas de suas práticas políticas. Hoje, até o MST reconhece o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, como interlocutor para seus pleitos. Avisem o Sérgio, assim ele pode voltar à normalidade da prática jurídica. O direito agradecerá.