"A Amizade e a Esquerda"
Estou lendo um livro, de um autor inglês, que resume pensamentos de sábios de todos os tempos. Um desses sábios fala da AMIZADE e, num de seus enfoques, ele coloca que um dos grandes motivos de rompimento das amizades é a divergência política entre pessoas.
De minha parte, eu não posso me dar ao luxo de perder amizades por causa de política, senão me tornarei um eremita. Quase todos meus familiares e amigos são de direita, alguns radicais. Portanto, fora de cogitação perder a amizade com eles, por esse motivo.
No entanto, nada me impede de tentar demonstrar a eles a importância da esquerda nas conquistas sociais e políticas mundiais, como resultado de meu aprendizado e conhecimentos literários e acadêmicos.
O mundo não seria civilizado(se é que o é) sem a esquerda.
Desde os primórdios da humanidade, sem a esquerda ainda configurada, os oprimidos sempre lutaram contra a opressão. Judeus na Babilônia e no Egito e Spartacus no império romano são exemplos disso. Isso ficou bem claro na Revolução Francesa, quando a esquerda dos jacobinos e dos sans cullotes se opunham à direita da burguesia nascente, da nobreza e da realeza. Aliás, esquerda era o lugar na Assembléia dos Estados Gerais onde se sentavam os primeiros e à direita onde ficavam os últimos.
A partir dali, passando por toda evolução marxista e revisionista, todos os movimentos de libertação dos povos, todas as conquistas dos trabalhadores, todas as conquistas sociais de direitos universais, nasceram das lutas da esquerda. Se dependessem da direita, ainda teríamos crianças e adultos trabalhando nas minas de carvão e nas propriedade rurais até 18 horas por dia e as mulheres nas fábricas de tecelagem, com a mesma carga horária, tendo seus partes debaixo das máquinas de fiação. Para refletir sobre isso, vale a pena ler Emile Zola, particularmente seu livro "O Trabalho".
Nenhuma conquista social trabalhista se concretizou sem a luta da esquerda. A própria Social Democracia européia e mundial é um ajuste mais humano, derivado de bases marxistas revisadas por Bernstein e Kautsky, ambos, ainda, de esquerda.
A direita, historicamente, sempre se posicionou contra esses avanços, inclusive apoiando nazistas e fascistas, somente eliminados pela União Soviética e pelos revolucionários de todo o mundo.
Se a sociedade mundial evoluiu alguns passos foi porque a direita, detentora dos meios de produção e das finanças mundiais, foi obrigada a ir cedendo gradativamente.
Um desses meus amigos de direita, grande corintiano, a quem faço questão de manter a amizade, diz, com pequena dose de razão, que nunca viu um país de esquerda dar certo. É uma afirmação absoluta demais. Eu já vi, mas não vou discutir, senão o texto fica interminável.
Porém, para mim, uma coisa é clara: também nunca vi um país de direita dar certo de forma definitiva. Uma sucessão de cagadas alternadas, de direita e de esquerda, estão transformando o mundo num enorme esgoto.
É so ler a história.